Quiz Michael Jackson

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Veja como remédios que mataram Michael atuam no organismo

noite da morte, antes de tomar a dose fatal de propofol, Jackson usou medicamentos em doses suficientes para fazer uma anestesia geral.

A agonia das últimas horas de vida de Michael Jackson. Veja como age, no organismo, o coquetel de drogas que matou o cantor. De acordo com o resultado da autópsia, divulgado esta semana, o rei do pop tinha, no sangue, doses letais de propofol - um anestésico fortíssimo usado em cirurgias, também conhecido como leite da amnésia.

“Você enche o copo d’água, vai enchendo, enchendo. Você põe uma gota, transborda”, compara o anestesista do Hospital das Clínicas - SP José Otávio Auler Júnior.

Uma batalha desesperada de nove horas contra a insônia. Foi assim a última noite de Michael Jackson, segundo disse à polícia o médico dele, Conrad Murray. Documentos da investigação, divulgados esta semana, descrevem um coquetel de sedativos, aplicados na madrugada de 25 de junho.

“As drogas foram se somando até chegar num ponto que provocou uma apneia, uma parada da respiração”, explica o anestesista do Hospital das Clínicas - SP José Otávio Auler Júnior.

A substância que provocou a crise fatal foi um anestésico poderoso, usado em cirurgias: o propofol. Acompanhe o passo a passo daquela noite.

Às 1h30, o médico dá a Michael um comprimido de dez miligramas do sedativo diazepam. É suficiente para uma pessoa normal dormir. Mas não funcionou, porque ele era dependente de calmantes. O organismo processa o remédio tão rapidamente, que mal dá tempo de fazer efeito.

Às 2h, Murray injeta dois miligramas de lorazepam, outro sedativo. Uma hora depois, Michael continua acordado. Recebe na veia mais dois miligramas de um terceiro calmante: midazolam. “Ele tem uma ação no sistema nervoso central e no centro respiratório muito forte, quando injetado na veia”, diz o anestesista do Hospital das Clínicas.

Às 5h, volta o lorazepam - dois miligramas. É dia claro e o cantor ainda não dorme.

Às 7h30, a quinta dose - dois miligramas de midazolam. “As quantidades que foram injetadas são mais do que suficientes para fazer uma anestesia geral”, diz o anestesista do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Ainda insone, Michael implora pelo que ele chama de "leite" - o propofol. Mesmo achando que o cantor tinha se tornado dependente do anestésico, Murray disse à polícia que concordou.

Às 10h40, injeta 25 miligramas de propofol. Segundo ele, metade da dose que Michael normalmente tomava. “Esta dose que ele tomou daria para induzir a anestesia em dois a três pacientes de 60 quilos, mais ou menos”, aponta o anestesista do Hospital das Clínicas - SP José Otávio Auler Júnior. Michael Jackson tinha 50 quilos.

No centro cirúrgico do Instituto do Coração, do Hospital das Clínicas, em São Paulo, o Fantástico acompanha uma operação em um homem que sofre de suor excessivo nas mãos. A anestesia geral será feita com propofol. Veja como este anestésico vai agir no organismo deste paciente, e que cuidados os médicos vão ter para utilizá-lo.

A equipe aplica apenas um quinto da dose que Michael Jackson recebeu. Trinta segundos depois, O paciente já não responde mais.

“Ele perdeu a consciência e a respiração dele parou. Imediatamente. Ele não vai lembrar de nada ao acordar”, garante o anestesista do Hospital das Clínicas - SP José Otávio Auler Júnior.

O propofol diminui muito a atividade cerebral. “A ação é rápida, potente e curta”, diz o médico.

Para manter o efeito, é preciso injetar o anestésico constantemente. Se parar, a pessoa acorda. Mas há um risco. Os sinais vitais ficam mais lentos. Sem o aparato de um hospital, pode dar uma parada cardiorrespiratória em minutos.

“Nós temos aqui oxigênio, máscaras, material para fazer a reanimação. Não posso fazer nunca isso num ambiente que não tenha esse recurso”, alerta o anestesista do Hospital das Clínicas - SP José Otávio Auler Júnior.

A bula é clara: o propofol só pode ser aplicado por anestesistas. O monitoramento deve ser constante. Não foi o que aconteceu com Michael Jackson. O médico dele, um cardiologista, disse que, depois de injetar o propofol, deixou o cantor sozinho e foi ao banheiro. Voltou 10 minutos depois. Michael já não respirava. Ele, então, aplicou no cantor uma injeção para cortar o efeito do propofol e realizou técnicas de ressuscitação. O serviço de emergência só foi chamado uma hora e vinte depois. Talvez tenha sido tarde demais.

“A primeira coisa a fazer é realmente acionar o serviço de emergência. Cada minuto que passa sem dar um choque numa vítima que precisa de um choque elétrico, por exemplo, são 7% a 10% a menos de chance de sobrevivência”, explica o especialista em emergências do Hospital Albert Einstein - SP Flávio Marques.

Com a demora no socorro especializado, o coração do rei do pop parou. Michael Jackson morreu intoxicado por uma dose letal de propofol, revelou a autópsia. O efeito combinado das drogas que o cantor tomou durante a madrugada tornou ainda mais forte a ação do anestésico.

“O fígado está saturado, o metabolismo dele satura, então uma dose a mais, pronto”, diz o anestesista do Hospital das Clínicas - SP José Otávio Auler Júnior.

Para a polícia, foi homicídio, ainda que não-intencional. O médico que recebia quase R$ 300 mil por mês para cuidar da saúde de Michael pode ser condenado a até quatro anos de prisão.

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